Kokedama: o que esta arte pode nos ensinar

Kokedama é uma tendência moderna, com raízes profundas e ricamente filosóficas. Assim como muitas técnicas de jardinagem preciosas e únicas, ela é japonesa e tem sua própria história para contar.




Kokedama em português significa, literalmente, "bola de musgo" (Koke = musgo e dama = bola). Trata-se uma arte japonesa inspirada na técnica ancestral do Bonsai. Alguns especialistas acreditam que o Kokedama pode ser visto como um "bonsai dos pobres", baseando-se no fato de que os bonsais eram práticas reservados às elites no Japão, que possuíam poder aquisitivo compatível para desenvolver a técnica. Já a técnica do Kokedama está baseada na simplicidade, tanto para sua elaboração como para a manutenção.

A técnica do kokedama nos permite suspender as plantas sem o apoio de vasos. Consiste basicamente em envolver as raízes em uma bola de terra e musgo, bem campactada e depois amarrada com fios de barbante. 

A umidade retida pelo musgo mantém a planta hidratada e a amarração mantém o formato da bola, sem necessidade de vaso ou outro suporte. 


Wabi Sabi - o que tem a ver com Kokedamas?


No Japão, a beleza da transitoriedade e da imperfeição é definida por wabi-sabiÉ um princípio estético que celebra as formas irregulares, íntimas e modestas da natureza. O kokedama tradicional era uma expressão do Wabi-Sabi praticado em bonsai. As árvores eram retiradas dos vasos e montadas em troncos ou cerâmica para expressar a beleza da simplicidade rústica.
Desde então, ele evoluiu para abranger um método de amarrar raízes em uma cobertura natural em vez de num recipiente. O resultado é uma escultura viva e "bagunçada" que ainda expressa sua estética original de wabi-sabi.
Wabi-sabi representa uma abrangente visão de mundo ao estilo japonês. Uma abordagem estética centrada na aceitação da transitoriedade e imperfeição. Esta concepção estética é muitas vezes descrita como a do belo que é “imperfeito, impermanente e incompleto”. 
Trata-se de uma idealização artística desenvolvida por volta do século XV no Japão, durante o período Muromachi, com bases nos ideais do zen budismo. É um conceito derivado dos ensinamentos budistas das três marcas da existência:

anicca (impermanência)
dukkha (sofrimento) 
anatta (não-eu)

As características estéticas do wabi-sabi incluem assimetria, aspereza (rugosidade ou irregularidade), simplicidade, economia, austeridade, modéstia, intimidade e valorização da integridade simples de objetos e processos naturais.
wabi-sabi é a apreciação estética do despojamento, refere-se ao viver uma vida comum com o despojamento, com a insuficiência ou com a imperfeição, e está relacionado às doutrinas de desapego do Zen budismo. Estes conceitos estão representados na produção artística por meio do rústico, do imperfeito, do monocromático e do aspecto natural. 
Por meio do wabi e sabi é possível o alcance do vazio da mente que traz tranquilidade. "Wabi" significa "quietude" e "sabi" "simplicidade" e expressam-se através do desejo por simplicidade e sutileza.

A arte da kokedama existe desde o século XVII, quando um bonsaísta japonês, ao
remover a planta do vaso decidiu por limpá-la e deixar parte das raízes expostas, criando a técnica conhecida como nearai (relativo aos cuidados e tratamentos dados as raízes quando transplantadas do bonsai). 

Alguns anos depois, descobriu-se que o musgo tem a característica de manter a umidade do solo por muito mais tempo, o que foi crucial para o nascimento da kokedama.

Fontes de Pesquisa: Rob Sproule, em Salysbury Greenhouse; Bonsai Empire

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